O autor pensa numa estória e se propõe a publicá-la. Toma lápis e papel e senta-se para escrevê-la. Então, basta o lápis tocar a folha para ganhar vida e seguir bailando ao sabor da música que rege roçando o papel. Dá vida às personagens e uma a uma tira-as pra dançar. Ainda aprendiz, passa a dançar pelos passos delas e, sem perceber, por elas é dominado. Linha após linha, dança costurando o que criou, mas não vai além dai seu domínio. Muitas vezes a personagem se rebela com o ritmo proposto pelo parceiro, reclama torce o nariz e decide não passear pelo papel se a história não lhes convém. Seduzido, o então paciente lápis, abre mão de sua rigidez para caminhar conforme manda a criatura. Temo que após ganhar vida, a personagem é quem controla o lápis, que só precisa das mãos do escritor para dançar sem cair. Por fim, é demasiado fácil perceber que; criador, criado e criatura têm seus papeis trocados no desenrolar da estória, sendo o escritor o mais submisso dos três.
Daniel B. Reis
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