COMO USAR

QUANDO HOUVER VÍDEO: INICIE-O ANTES DE COMEÇAR A LER. ( A OBRA É O CONJUNTO )
AGRADEÇEMOS OS COMENTÁRIOS ( Eles são o termômetro dos nossos Devaneios )
BOA LEITURA !!!

DAND - DUÍLLIO - DANIEL

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Urbano passageiro


Povo que acompanha o blog essaé uma cronica escrita por um grande amigo que está debutando no mundo literário. Tem tudo pra ser um grande escritor. Espero que gostem. Comentem.
DanD
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Urbano passageiro

Era uma manhã de segunda-feira. Fazia sol. Os pássaros não cantavam, mas os motores dos carros roncavam e suas buzinas não podiam silenciar. Transeuntes iam e vinham na calmaria frenética da manhã paulistana. Quem não forçava o passo, corria o risco de se atrasar... mas na melhor das hipóteses, quem não boemiara no dia anterior conseguira acordar no horário.
A harmonia da orquestra das ruas paulistanas é impecável; uns andam mais rapidamente, outros sequer acordaram e alguns ficam entre os dois. Dentre os que ficam entre os velozes-e-furiosos e as tartarugas casco-de-mochila, há um solitário rapaz.
O rapaz procura a todo custo conciliar a sua boa educação com os passos ferozes de quem está lhe seguindo arbitrariamente e o andar sonolento de quem, à frente, não lhe dá passagem: “- Ah! O senso de coletivo...!” – pensou.
            Apesar das grandes olheiras causadas pelas cinco horas mal dormidas no colchão fundo da pensão, tentara esconder lá no fundo o seu mau-humor e tinha certeza de que aquele egocentrismo todo que o rodeava não era seu - problema - e se ria por dentro da pequenez humana (como se não fizesse parte dela).
            Os carros, ônibus, cacos, passos e matos faziam parte dos fatos do dia-a-dia do rapaz. “- A vida é bela” – murmurou, procurando no fundo encontrar uma verdade naquilo ou algo que materializasse essa beleza abstrata: “A beleza pode estar numa flor, num corpo feminino, no andar trôpego de um bêbado, em uma criança dormindo... sei lá...”. De repente seu pensamento foi interrompido pelo estrondo de uma batida. Gritos desesperados saltavam de um lado a outro: “Olha o que é que você fez! Eu não acredito!!!” – dizia uma moça; “Ah! Você também fica lerdeando nessa carroça!” – dizia o homem, tentando transferir a culpa. O rapaz olhou a cena com a visão periférica. Indiferente a tudo, continuou seu caminho rumo ao seu destino.
            Pensou no que precisava fazer naquele dia... e no dia seguinte, e no fim do mês, e no fim do ano, e no seu futuro. “Será que eu não estou me esquecendo de nada?” – pensou. Atormentando-se na busca da resposta, mal reparara que do outro lado da rua havia um pequeno aglomerado de pessoas tentando acudir um homem estrebuchante na calçada. Até mesmo o som da sirene da ambulância que viria mais adiante já lhe tinha sido incorporada à rotina.
            Só voltara à realidade quando começou a chover. Preocupado com os livros e cadernos dentro de sua bolsa, começou a se desesperar. Corria, corria, mas não encontrava abrigo. Um dos carros, mais apressado e veloz que suas simples passadas, entornara toda a água da beira da calçada em cima dele.
            - Desisto! – disse em voz alta.
            Da outra mão da avenida, surgia outro carro. Devagar porém. Fixou o olhar na passageira. Olhou fixamente, sem se aperceber disso, durante todo o tempo em que sua vista a pôde alcançar. Era de carne e osso. Era bela.

            Mas passou...

SANSÃO

Nenhum comentário:

Postar um comentário